A Folia do Divino Espírito Santo do distrito mogiano de Biritiba Ussú existe há mais de cem anos, como nos relata o seu atual mestre, Ulisses de Souza Morais. Segundo seu relato, o mestre que o antecedeu, João Manoel do Nascimento, desde criança já cantava com seu pai, o então mestre senhor Benedito Manoel.
Na sua estrutura, a Folia do Divino do distrito de Biritiba Ussú conta com quatro integrantes: o mestre, o contra-mestre, o contralto e o tiple.
O mestre é quem comanda a Folia. O seu instrumento é a viola caipira, com a qual acompanha a cantoria das louvações. São cerca de setenta e seis versos e, como nos relata mestre Ulisses, desde que ele integra a Folia do Divino de Biritiba Ussú, há quase cinqüenta anos, esses versos nunca mudaram.
O contra-mestre toca violão e faz a segunda voz. Já o contralto integra o coro de quatro vozes e pode tocar tanto a caixa, como o pandeiro ou o chocalho. O tiple possui a voz mais aguda do grupo (soprano) e faz, com o contralto, revezamento com os instrumentos: chocalho, pandeiro ou caixa.
O mestre João Manoel do Nascimento faleceu no ano de 1990, sendo que na festa de 1989, quando o festeiro foi o professor Jurandyr Ferraz de Campos, este saudoso mestre fez a sua última apresentação cantando no Império.
Com a morte do mestre João Manoel, Ulisses de Souza Morais, até então contra-mestre, passou a exercer a função de mestre, comandando a folia e chamando para contra-mestre Vicente Manoel, filho de João Manoel. Vicente integrou a folia como contra-mestre até o ano de 2004. Com a sua morte, em 2005, Nei assumiu a função de contra-mestre.
João Lemes da Cunha, conhecido como Joãozinho, foi o contralto da folia desde os tempos do mestre João Manoel até a sua morte, antes da festa de 2005. Para sucedê-lo como contralto, passou a integrar a folia Salvador.
O tiple da folia foi, por muito tempo, Salvador Cardoso do Nascimento. Já com avançada idade, nas últimas festas, Salvador Cardoso do Nascimento foi passando a função de tiple para Milton Manoel do Nascimento, este também filho do saudoso mestre João Manoel do Nascimento.
Esclarecemos que o Salvador, que atualmente desempenha a função de contralto, é apenas homônimo de Salvador Cardoso do Nascimento, este já falecido.
Antigamente, ainda segundo relato que o mestre Ulisses colheu com o mestre João Manoel, a Folia do Divino, nos meses que antecediam a Festa do Divino, peregrinava pelas casas dos devotos, em sua maioria na zona rural, fazendo suas louvações e tirando esmolas para a Festa do Divino.
Atualmente, durante a Festa, a Folia do Divino acompanha os festeiros e capitães-do-mastro nas passeatas das bandeiras, à noite, logo que termina a Missa da Novena, em visita às casas dos ex-festeiros ou dos devotos. Nessas ocasiões, a folia canta suas louvações dentro das casas visitadas.
Também durante a festa, a folia acompanha as alvoradas cantando suas louvações na saída e na chegada do Império.
No último dia da alvorada, já na manhã do domingo de Pentecostes, é particularmente tocante a cantoria de despedida que finaliza com o verso “Até para o ano, se Deus quiser”.